02 julho 2014

Cálculo dos custos do stresse relacionado com o trabalho


Novo Relatório da EU-OSHA analisa os Custos do Stresse Relacionado com o Trabalho

 
O stresse relacionado com o trabalho é mais caro do que se possa pensar.

Não implica apenas custos para as organizações em resultado do absentismo e da redução da produtividade. Os indivíduos também suportam os custos dos problemas de saúde e da perda de qualidade de vida. Em última análise, são as economias nacionais e a sociedade que pagam o preço.

Um novo relatório da EU-OSHA analisa os custos do stresse relacionado com o trabalho e revela que, ao contrário do que geralmente se pensa, o custo de ignorar o stresse é muito superior ao custo de tentar resolver o problema.

Seguidamente apresentam-se alguns números:

Europa

Em 2002, a Comissão Europeia calculou os custos de estresse relacionado ao trabalho na UE-15 em € 20 bilhões por ano. Este valor foi baseado em numa pesquisa EU-OSHA (1999) que constatou que o custo total aos países da UE-15 de doença relacionada ao trabalho foi entre 185 € e 289 mil milhões por ano. utilização

Outras estimativas de outros pesquisadores (Davies e Teasdale, 1994; Levi e Lunde-Jensen, 1996) indicam que 10% das doenças relacionadas ao trabalho têm origem no stress relacionado, sendo a esta percentagem foi aplicada uma  estimativa do custo total de doenças relacionadas com o trabalho (200 € bilhões) para obter o número de de € 20 bilhões para o custo do estresse relacionado ao trabalho.

No projeto recente financiado pela EU (2013), o custo para a Europa de problemas de saúde no  trabalho relacionados com a depressão foi estimada em € 617.000.000.000 anualmente. O total  é  composto por custos para os empregadores resultantes do absenteísmo e presenteísmo (272.000.000.000 €), a perda de produtividade (€ 242.000.000.000), os custos dos cuidados com a saúde € 63000000000 e custos de assistência social, na forma de pagamentos de benefícios de incapacidade (39 € bilhões).

Lamentavelmente, temos que sublinhar, Portugal não surge apesentado no Relatório, visto que, parece-nos nós, ainda não conseguimos “dar o salto” para este tipo de abordagens inteligentes, o que só temos a lamentar.

Na ausência de dados nacionais, vamos deixar registada a situação relativamente ao nosso país vizinho…. a Espanha.

Espanha

Na Espanha, estimou-se que entre 11% e 27% de transtornos mentais pode ser atribuída a más condições de trabalho (UGT – es 2013). O custo de saúde diretamente relacionados aos  transtornos mentais e comportamentais atribuíveis ao trabalho foi estimado entre € 150 e € 372.000.000 em 2010. Isso representou 0,24% para 0,58% do total das despesas de saúde em Espanha nesse ano.

No caso de doenças relacionadas com o abuso de substâncias, o custo total era calculado em mais de € 35 milhões, sendo que os homens representavam quase 4/5  do total. O custo relacionados com a ansiedade e distúrbios, mais elevados para as mulheres, foi de quase € 15 milhões.

De acordo com o mesmo relatório, o número de dias de ausência por doença causada por doença mental temporária atribuível ao ambiente de trabalho era 2.780.000 em 2010, o que equivale a um custo de 170.960.000 €.

Além disso, calcula-se que das 17 979 mortes relacionadas com problemas de saúde mental (incluindo suicídio e auto-mutilação), em Espanha, em 2010, 312 pode ser atribuída às condições de trabalho. O cálculo dos anos de vida potencialmente perdida indicaram que o custo de mortalidade prematura que pode ser atribuído ao trabalho variou entre 63,9 € e 78.900.000 €.

O investigador Pastrana (2002) utilizou uma abordagem dedutiva para calcular o custo de mobbing (assédio) em Espanha, focando a deficiência como um resultado possível. Entre uma amostra de 6 500 casos de incapacidade temporária,  1,71% de foram atribuídas ao mobbing.

Consequentemente, através da aplicação dessa percentagem ao custo de incapacidade temporária em Espanha, os custos anuais estimados com o mobbing totalizaram € 52 milhões.

Outro estudo com foco em mobbing foi realizada por Carnero e Martinez (2006). Estes  autores primeiro calculado o custo do assédio moral no nível individual (dois custos médicos diferentes foram levados em consideração: consultas médicas e custos com medicamentos) e, em seguida, multiplicado este valor pelo número total de população ativa que podem ser afetados por assédio moral.

No Inquérito Nacional Espanhol às Condições de Trabalho (pesquisa de 2003) 263 de 5 236 (5,02%) entrevistados puderam ser identificados como vítimas mobbing.

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