“O
reconhecimento dos riscos psicossociais como um dos desafios para a segurança e
saúde no trabalho implica que se perceba qual o peso desses riscos na saúde dos
trabalhadores, qual a abordagem mais eficaz desta temática e de que forma se
pode intervir nas situações de trabalho para criar condições que permitam a sua
gestão, com vista a uma melhor saúde, segurança e bem-estar.”
Temos a ideia que em Portugal não se
faz investigação sobre as questões da Segurança e Saúde no Trabalho, no
entanto, vão surgindo alguns trabalhos de relevância, a exemplo este que
divulgamos neste Blog.
Duas investigadoras da Universidade do
Porto - Lúcia Simões Costa e Marta Santos - redigem um artigo no International Journal on Working Conditions no qual realizam
uma revisão sistemática da literatura sobre a temática dos riscos psicossociais.
A pesquisa foi realizada
de acordo com os seguintes critérios: estudos sobre a definição, identificação,
causam e tipo de riscos psicossociais, sua existência ou prevalência; estudos
realizados, em populações trabalhadoras, de medição, ou avaliação de riscos
psicossociais e estudos de relação dos riscos psicossociais com variáveis
sociodemográficas, atividade profissional e condições de trabalho.
Transcrevemos o Resumo deste artigo.
“ Resumo: Os fatores psicossociais de risco no trabalho podem
ser agrupados em seis dimensões: intensidade do trabalho e tempo de trabalho;
exigências emocionais; falta/insuficiência de autonomia; má qualidade das
relações sociais no trabalho; conflitos de valores e insegurança na situação de
trabalho/emprego. Embora os riscos psicossociais sejam um desafio para a
segurança e saúde no trabalho, é pertinente questionar o seu peso, nesse
âmbito. Assim, apresentamos uma revisão sistemática da literatura acerca destes
riscos, a identificação dos instrumentos utilizados na sua avaliação e os
resultados que os mesmos permitem constatar. Através da análise realizada
encontrámos abordagens diferentes dos riscos psicossociais, da sua avaliação e
teorização. Constatámos a necessidade de pesquisas qualitativas que
complementem a, frequente, utilização de instrumentos quantitativos e permitam
uma maior profundidade dos dados, a aproximação ao terreno e à realidade dos
trabalhadores e evitem o efeito de desejabilidade social. Verificámos, também,
a necessidade de perspetivar soluções de avaliação e intervenção, tanto a nível
individual como coletivo. Como implicação futura destaca-se a importância de
estudar os fatores que estão na origem dos riscos psicossociais e cuja presença
possa ser atempadamente detetada, bem como, a criação de ferramentas ao serviço
da intervenção e transformação das condições de trabalho. “
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