Novo Relatório da EU-OSHA analisa os Custos
do Stresse Relacionado com o Trabalho
O stresse relacionado com o trabalho é mais
caro do que se possa pensar.
Não implica apenas custos para as
organizações em resultado do absentismo e da redução da produtividade. Os
indivíduos também suportam os custos dos problemas de saúde e da perda de
qualidade de vida. Em última análise, são as economias nacionais e a sociedade
que pagam o preço.
Um novo relatório da EU-OSHA analisa os
custos do stresse relacionado com o trabalho e revela que, ao contrário do que geralmente se pensa, o custo de ignorar
o stresse é muito superior ao custo de tentar resolver o problema.
Seguidamente apresentam-se alguns
números:
Europa
Em 2002, a Comissão Europeia calculou os
custos de estresse relacionado ao trabalho na UE-15 em € 20 bilhões por ano.
Este valor foi baseado em numa pesquisa EU-OSHA (1999) que constatou que o
custo total aos países da UE-15 de doença relacionada ao trabalho foi entre 185
€ e 289 mil milhões por ano. utilização
Outras estimativas de outros pesquisadores
(Davies e Teasdale, 1994; Levi e Lunde-Jensen, 1996) indicam que 10% das doenças
relacionadas ao trabalho têm origem no stress relacionado, sendo a esta
percentagem foi aplicada uma estimativa
do custo total de doenças relacionadas com o trabalho (200 € bilhões) para
obter o número de de € 20 bilhões para o custo do estresse relacionado ao trabalho.
No projeto recente financiado pela EU (2013),
o custo para a Europa de problemas de saúde no trabalho relacionados com a depressão foi
estimada em € 617.000.000.000 anualmente. O total é
composto por custos para os empregadores resultantes do absenteísmo e
presenteísmo (272.000.000.000 €), a perda de produtividade (€ 242.000.000.000),
os custos dos cuidados com a saúde € 63000000000 e custos de assistência
social, na forma de pagamentos de benefícios de incapacidade (39 € bilhões).
Lamentavelmente,
temos que sublinhar, Portugal não surge apesentado no Relatório, visto que,
parece-nos nós, ainda não conseguimos “dar o salto” para este tipo de
abordagens inteligentes, o que só temos a lamentar.
Na ausência
de dados nacionais, vamos deixar registada a situação relativamente ao nosso
país vizinho…. a Espanha.
Espanha
Na Espanha, estimou-se que entre 11% e 27% de
transtornos mentais pode ser atribuída a más condições de trabalho (UGT – es 2013).
O custo de saúde diretamente relacionados aos transtornos mentais e comportamentais atribuíveis
ao trabalho foi estimado entre € 150 e € 372.000.000 em 2010. Isso representou
0,24% para 0,58% do total das despesas de saúde em Espanha nesse ano.
No caso de doenças relacionadas com o abuso
de substâncias, o custo total era calculado em mais de € 35 milhões, sendo que os
homens representavam quase 4/5 do total.
O custo relacionados com a ansiedade e distúrbios, mais elevados para as
mulheres, foi de quase € 15 milhões.
De acordo com o mesmo relatório, o número de
dias de ausência por doença causada por doença mental temporária atribuível ao
ambiente de trabalho era 2.780.000 em 2010, o que equivale a um custo de
170.960.000 €.
Além disso, calcula-se que das 17 979 mortes
relacionadas com problemas de saúde mental (incluindo suicídio e
auto-mutilação), em Espanha, em 2010, 312 pode ser atribuída às condições de
trabalho. O cálculo dos anos de vida potencialmente perdida indicaram que o
custo de mortalidade prematura que pode ser atribuído ao trabalho variou entre
63,9 € e 78.900.000 €.
O investigador Pastrana (2002) utilizou uma
abordagem dedutiva para calcular o custo de mobbing (assédio) em Espanha,
focando a deficiência como um resultado possível. Entre uma amostra de 6 500
casos de incapacidade temporária, 1,71%
de foram atribuídas ao mobbing.
Consequentemente, através da aplicação dessa
percentagem ao custo de incapacidade temporária em Espanha, os custos anuais
estimados com o mobbing totalizaram € 52 milhões.
Outro estudo com foco em mobbing foi
realizada por Carnero e Martinez (2006). Estes autores primeiro calculado o custo do assédio
moral no nível individual (dois custos médicos diferentes foram levados em
consideração: consultas médicas e custos com medicamentos) e, em seguida,
multiplicado este valor pelo número total de população ativa que podem ser
afetados por assédio moral.
No Inquérito Nacional Espanhol às Condições
de Trabalho (pesquisa de 2003) 263 de 5 236 (5,02%) entrevistados puderam ser
identificados como vítimas mobbing.